"A Politician needs the ability to foretell what is going to happen tomorrow, next week, next month, and next year. And to have the ability afterwards to explain why it didn't happen" Winston Churchill

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

as ideologias ainda fazem sentido?

compreendo a importância das eleições presidenciais para o futuro do país. está muito mais em jogo que a eleição de um presidente. mas a esse assunto voltarei posteriormente.
cavaco silva (não tem nada a ver com presidenciais) disse há cerca de cinco anos, numa cerimónia pública que "pessoas inteligentes, com a mesma informação, chegam às mesmas conclusões". cavaco silva defende aquilo que vários autores, como daniel bell ou francis fukuyama, vêm dizer há algumas décadas, que a ideologia deixou de fazer sentido.
daniel bell,cientista político no seu famoso ensaio "o fim da ideologia", considerava que "há no mundo ocidental, um certo consenso entre os intelectuais a respeito dos problemas políticos: a aceitação do estado assistencial, a preferência pela descentralização do poder, e pelo sistema de Economia mista e de pluralismo político. neste sentido também se pode dizer que a era da ideologia terminou". ou seja, não se fale em comunismo, socialismo, liberalismo. nos grandes temas, nos temas importantes, há uma concordância absoluta.
fukuyama concorda. no seu mais famosos livro "o fim da história e o último homem", o politólogo refere que após o fim da guerra fria assistiu-se à vitória do capitalismo e da democracia liberal deslegitimando quaisquer alternativas.
esta é a base para a discussão. será que como defendem estes dois autores contemporâneos chegámos ao fim da política? que em questões basilares temos todos a mesma opinião?
haverá assim tantas diferenças entre os dois partidos do arco do poder em portugal? ficam estas questões. no fim, se alguém der a sua opinião sobre isto, eu darei a minha.

3 comentários:

  1. Provocação! Eu acho que morreram as ideologias tal como as conheciamos. Mas continuam a existir pessoas que ousam pensar diferente e que têm ideias coerentes. E isso é muito importante, mesmo que o que pensam nos possa parcer errado e sem sentido. Isso ajuda-nos, pelo menos, a testar aquilo em que acreditamos. Acredito que podem estar a emergir novas ideologias ou a adaptar-se ideologias antigas, a daptar-se à nossa época, à nossa experiência, à nossa História. Acredito, talvez ingenuamente, que não podemos abdicar de ter ou procurar ideais e que, na politica, estes deviam existir. Existem pouco. A busca permanente do poder não convive bem com ideologias. Entre os 2 partidos que têm alternado o poder gosto de acreditar que existem algumas diferenças. E tu?
    Ana Matias

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  2. olá ana!
    como prometido aqui deixo a minha opinião sobre esta matéria. não posso discordar de fukuyama, quando este refere que nos países ocidentais se estabaleceram as políticas liberais, mas dizer que agora não há nada a fazer, que é o fim da história, penso que não faz sentido. em primeiro logar, eu penso que a história não é algo estático, ou seja, é feita de ciclos. certamente que os membros da antiga urss já achavam o comunismo algo vitalício nas suas vidas, algo que não se veio a confirmar. penso que com esta crise mundial, muitos irão repensar o neoliberalismo, o lucro a todo o custo. não antevejo que regressaremos ao socialismo de marx, mas como referes e bem, há sempre ideologias a emergir, que se renovam, que se reciclam e penso que com isso é possível uma nova ordem política.
    não podemos esquecer que nas últimas três eleições legislativas os dois partidos do arco do poder têm vindo a perder a votos para os outros partidos. enquanto em 2001 os dois partidos juntos tiveram cerca de 75% de votos, nas eleições de 2009 ficaram-se pelos 65%. isto quer dizer algo, começa a haver uma mudança de paradigma político em portugal, já para não falar do crescimento dos países nacionalistas em muitos países da europa. há mais argumentos que podemos usar, mas defendo sobretudo que a história se faz das circunstâncias e defendo que nada é definitivo. logo acredito na força das ideologias como forma de se mudar o mundo.

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  3. Valter à muito que queria responder a este post, mas andava sem tempo, para por as ideias em ordem...
    A meu ver, estas transformações levaram a que se estabelecesse novas orientações dentro de cada partido, levando obviamente a que muitas verdades pré concebidas, que afectavam o modo como cada partido agia, desaparecessem...
    É claro que quando alguém entra num partido normalmente teria em conta os ideais que o sustentam, mas hoje em dia, isso já não é bem assim.. Acho que é o apelo dado por cada partido às ideias que tenta tornar reais, que lhe dão identidade, e faz as pessoas seguirem um ou outro partido.. Tal como Graham disse: "são as questões ideológicas mais do que as acções quotidianas que confirmam e sustentam os apoiantes e activistas partidários".
    Outro entrave que se coloca à resposta a este teu post é o seguinte:" a ideologia é o conceito mais indefinível no conjunto das ciências sociais" David McLellan, o que se pode debater, através de fenómenos que podemos observar, como os radicalistas muçulmanos, que atacam em nome de, uma ou contra uma, ideologia, não podem ser postos de parte, pois são evolução ideológica!
    Outra questão interessante de analisar:"O fim da ideologia não se terá transformado numa ideologia própria?" Vincent, será mesmo uma nova ou uma antiga que vigorou sobre todas as outras? E com isto levanta-se um problema, se hoje em dia temos uma ideologia, e apenas uma, não haverá o risco de a sociedade se voltar contra ela, pois é impossível uma ideologia satisfazer uma sociedade tão diversificada como a nossa? Nunca haverá um fim, pois aqueles que não estão satisfeitos, arranjarão sempre maneira de arranjar uma nova...
    Por estas razões penso que há sentido quando ainda falamos em ideologias.

    Deixo no ar esta pergunta para enquadrar no último parágrafo do teu comentário: O início da crise política portuguesa não terá começado na sucessiva degradação das propostas e das lideranças do PSD de alguns anos? Não estará o PS exposto actualmente a tal risco?

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