"A Politician needs the ability to foretell what is going to happen tomorrow, next week, next month, and next year. And to have the ability afterwards to explain why it didn't happen" Winston Churchill

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Aumento do IVA vs aumento do IRS

Partilho este artigo, publicado na página do Facebook "Novos Paradigmas", sobre o aumento do IVA vs o aumento do IRS. Esta opinião contraria a ideia defendida por Pedro Passos Coelho no livro "Mudar", lançando a ideia de que o aumento do IVA poderá ser menos doloroso para os mais desfavorecidos.
Ainda não li qualquer objecção a este artigo e, por enquanto, sinto-me bastante tentado a concordar com ele. Aqui fica, para uma melhor análise e discussão:

Para que possamos fazer afirmações categóricas sobre os impostos mais ou menos penalizadores para os menores salários, é fundamental que o não façamos baseados em teorias que não têm fundamento na prática e por outro lado, não seja acompanhado com a comparação com os outros impostos para os mesmos valores. Vejamos então:
Consideremos para exemplo um salário de €500,00, se por necessidade tivermos de aumentar um dos impostos que se aplicam aos trabalhadores em 2%, teremos os resultados seguintes.
1- Se esse aumento for na taxa social única (TSU), o trabalhador verá o seu salário reduzido como se segue €500,00 aplicando a actual taxa de 11% recebe €445,00 se a taxa for de 13% passará a receber €435,00 ou seja menos €10,00 mensais.
2- Se o aumento de 2% for no IRS, com aplicação imediata através da retenção na fonte, o resultado seria igualmente o mesmo, menos €10,00 mensais o que equivale nos dois casos a mais €140,00/ano.
3- Vejamos se for o IVA apenas no escalão máximo, como sabemos este escalão não se aplica nos gastos com o alojamento nem nos produtos essenciais, (incluindo energia e gás natural), o INE diz-nos que os rendimentos baixos ex. (€445 líquidos) gastam nesse escalão 31% do salário ou seja €137,95, logo o aumento de 2% do IVA corresponde nesse caso a um acréscimo de custos de €2,759/mês, sendo anualmente (14 meses) €38,63.
4- Paralelamente o não aumento do IVA implica que na compra de uma mala de valor médio da marca “Prada” de €4.000, se poupe €80,00, num relógio de marca de €10.000, se poupe €200,00 e nos carros com valores entre os €60.000 e €100.000, beneficiem de €1.200 a 2.000. Como se demonstra, o não aumento do IVA no mais alto escalão vem na realidade beneficiar significamente os mais altos salários, permitindo-lhes poupar anualmente milhares de euros, em artigos de marca, viagens ou outros artigos considerados de “luxo”.
5- Como se demonstra os salários baixos são menos penalizados se a opção for o aumento da taxa máxima do IVA. É claro que se os que mais ganham, apenas comprarem os produtos básicos (hipótese muito pouco provável, como se constata actualmente pelo endividamento das famílias com altos salários) esse aumento não terá repercussão numa parte importante do seu salário, mas isso em nada altera o facto de os baixos salários terem uma menor penalização. Pensamos que os que argumentam o contrário, estão apenas perante um dos 7 pecados capitais “A Inveja”.
6- Por outro lado, uma parte significativa dos “mercados clandestinos” (ex. droga e prostituição) o único imposto que pagam é exactamente o IVA, atendendo a que não prescindem de ter carro, telemóvel, roupas de marca, combustíveis, viagens, etc.
7- Para os “Novos Paradigmas”, apesar da demonstração clara de ser o IVA em igualdade de comparação o que menos penaliza os baixos salários, pensamos que mesmo assim esses salários não devem sofrer qualquer penalização, assim defendemos a introdução de uma medida de descriminação positiva. A qual consiste à semelhança do Brasil em passarem a existir 3 taxas de TSU para os trabalhadores, que nesta época de crise deverão ser de 9% para os baixos salários, 10% a definir e manutenção dos 11% para salários superiores a €1.800,00. Com esta medida o salário de €500,00 passará a receber mais €10,00 por mês o que por si só compensa os aumentos de IVA desde os 19% até aos 25%. O IVA dado abranger todo o ciclo económico, deve compensar a perda de receitas da TSU com a introdução da medida de discriminação positiva que defendemos.
8- Igualmente as baixas pensões deverão ser actualizadas e não congeladas.
9- Por último mas o mais importante em termos económicos, O IVA é o único imposto (atendendo a que não podemos como anteriormente proceder à desvalorização da moeda), que pode aumentar de imediato a competitividade dos nossos produtos, ao encarecer os produtos importados e não tendo por outro lado nenhuma consequência naqueles que exportamos.
10- Esta medida deve ser ainda acompanhada, com a redução de taxas e contribuições (nomeadamente redução significativa da TSU para empregadores e trabalhadores) beneficiando unicamente as empresas sediadas em Portugal, para permitir a manutenção dos seus preços internamente.
11- As receitas do IVA deverão compensar em igual montante, as reduções a introduzir na TSU.
12- Por último não poderemos deixar de apelar a bem do desenvolvimento e da competitividade de Portugal, que a ideologia não se sobreponha à economia.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Nobre(za)?

Tenho Nobre como um político inexperiente e impreparado. As recentes polémicas fazem dele um mau político, pelo que preferi deixar esta sua faceta de lado (desaparecerá da cena política brevemente) e considerá-lo como um digno homem de causas. Contudo, esta imagem não me deixou indiferente. Partilho-a aqui, sem mais comentários da minha parte:


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Extremismos inúteis

PCP e Bloco de Esquerda faltam a reuniões com o FMI. Recusam-se a negociar e consideram a ajuda externa inoportuna e desnecessária. Jerónimo de Sousa fala mesmo em "abdicação e submissão nacional".

Estes dois partidos esquecem-se que foram preponderantes na entrada do FMI em Portugal, ao votarem contra o PEC IV e serem responsáveis pela crise política que tornou a intervenção do Fundo Monetário Internacional inevitável. Se não estão dispostos a lidar com o FMI, se a oposição a este fundo é tão firme, então que tivessem medido as consequências das suas decisões parlamentares.

Por outro lado, esta atitude espelha na perfeição o fraco sentido de responsabilidade destes partidos e permite às autoridades internacionais tirar algumas conclusões sobre as razões que levaram a esta intervenção.

Também eu acho a entrada do FMI um forte ataque à nossa independência. Também o governo o considera. Mas, perante a realidade, há que reunir esforços no sentido de tornar as negociações proveitosas para o país, em vez de ficar agarrado a posições ideológicas inflexíveis e impraticáveis

domingo, 17 de abril de 2011

PSD

É com alguma tristeza que tenho assistido ao meu PSD nos últimos tempos.
Onde tem vigorado uma enorme incoerência, muitas vezes originada pelas armadilhas Socráticas.
Pedro Passos Coelho fala em portagens apontando o Princípio Utilizador Pagador como razão. Mas alguém sabe o que é esse princípio?
Pedro Passos Coelho fala em aumentos do IVA, e só depois faz a questão pertinente, Qual o verdadeiro estado das contas públicas?
Pedro Passos Coelho aposta numa lista diferente de qualquer outra, reunindo mentes com ideologias distintos, com Fernando Nobre a princípio pareceu-me correcto, mas bastou Fernando Nobre abrir a boca para desejar que ele nunca mais a abra!
Quanto à privatização da Caixa a minha opinião tem vindo a mudar, e começo a dar razão a Pedro Passos Coelho.
Quanto ao número de Ministros, é uma medida de muita coragem e bravura!
Quanto às PPP's que seja mais inteligente.
Mas antes de tudo isto, que seja inteligente agora, se o quer ser daqui a uns meses!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

XVII Congresso Nacional do PS

Decorreu este fim-de-semana em Matosinhos, o XVII Congresso do Partido Socialista, e desde cedo se viu no que ia constar, numa campanha para 5 de Junho onde a única estratégia é o ataque ao Partido Social-Democrata!
Falou na situação vivida e Portugal (despoletada pelo orgulhosamente sós em que pôs o Governo) acusando sempre a oposição pelo situação, como se tivesse sido ela que tivesse tido nos últimos 6 anos 4 de maioria absoluta e tivesse levado este país para a recessão, e para níveis de dívida pública recordes!

Viu-se um senhor que está agarrado ao poder e que, semanas antes da votação do PEC IV, disse, que tal programa não iria ser proposto e o propõe, um senhor que disse que não governava com FMI, e candidata-se para governar com ele, um senhor que não cumpre as regras da UE, um senhor desde sempre incoerente!

Um senhor que convidou para a sua Comissão Política Manuel Alegre, o qual pouco apoiou na sua última batalha, algo bastante interessante, e cujo desenvolvimentos sobre este acto não tardarão em aparecer!

Enfim, um senhor que foi tornando o seu discurso político, num discurso de fanatismo político, ao qual os militantes do PS acharam muita piada e gritaram em uníssono por várias vezes, agradando assim José Sócrates!
E isso voltou a acontecer, quando se viu que havia vida inteligente no planeta PS, que obteve apupos e assobios em pleno congresso, pelos vistos neste jogo o PS jogava em casa e tinha a claque toda lá!

Durante o congresso desenvolvimentos sobre as birras foram aparecendo, em que Teixeira dos Santos é usado como isco para provocar a instabilidade Nacional, numa jogada de, mais uma vez, orgulhosamente sós!

Quanto a mim, quem não foi responsável a governar não tem capacidade para voltar a governar!

Sócrates mandou também recados a Jardim! Que abram mais offshores, que essa trabalha bem e recomenda-se!

Para estes senhores o Mundo parou durante este fim-de-semana, apesar de tudo o que vivemos o PS não muda a sua atitude! Será que ouviram a opinião sueca? Duvido!


Outro facto interessante:

« (...) Neste congresso, o PS proibiu as câmaras de televisão de circularem à vontade na sala, o que lhes permite controlar os planos. Estão colocadas nos cantos, viradas para o líder ou para quem discursa, não permitindo obter imagens de reacções dos congressistas. As únicas câmaras autorizadas a estar à frente são as da estrutura socialista.
Isto não acontece em mais nenhum partido em Portugal, nem em quase nenhum do mundo, se excluirmos a Coreia do Norte».

Rodrigo Moita de Deus


Temos aqui uns belos tesouros! Pelos vistos continuamos todos enganados!

Um homem maquiavélico, que é capaz de deitar abaixo uma economia, e de manter inúmeros apoios, é no mínimo assustador, é alguém que prepara muito bem cada feitiço, é um homem que só falha para com os devotos quando um teleponto se parte!

Eu não acredito nele, eu não acredito que ele nos traga futuro, eu não acredito que ainda haja tanta gente devota a ele! Mas eu acredito que se pode mudar...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

o estado das coisas

antónio barreto referiu, recentemente, numa entrevista, que falta aos políticos "sentido de serviço público". assim como antónio barreto, a maior parte dos portugueses pensa o mesmo. é a típica conversa de café, de que os políticos só querem é "encher os bolsos", "são corruptos", todos esses comentários a que estamos habituados.
os políticos representam-nos, seja qual o cargo que ocupem. os políticos somos nós, são o nosso reflexo. "a democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo", logo não nos (políticos e eleitores) devemos tratar, mutuamente, com distância, nem culpabilizar os políticos por tudo o que de mau acontece. reprovo essa facilidade com que se critica os outros por todo o mal que nos sucede.
sim,todos nós somos responsáveis por aquilo que nos está a suceder neste momento. todos nós enganamos, ou tentamos enganar o estado, sempre que podemos. fugimos do pagamento de impostos sempre que nos é possível, aproveitamo-nos do estado a toda a hora. é aquela coisa tão portuguesa, o chico espertismo. ferreira fernandes, indiscutivelmente o melhor cronista português, explicou isto muito bem.

"A todos os bancários com 58 anos que estão há dez anos na reforma. A todos os jornalistas com dentaduras como teclados de piano pagas quase de borla antes que lhes tirassem essa trafulhice. A todos os maus professores que subiram na carreira só porque passaram tantos anos no ensino quanto os passados pelos bons professores. A todos os mestrandos com idade para saber que nunca exercerão o que estudam, mas que vão aproveitando porque entretanto sempre vai pingando a bolsa obtida graças à influência de um familiar. A todos os condutores de Mercedes que o têm porque o seu nível de patamar do emprego diz "direito a carro de classe X", quando a qualidade com que exercem o trabalho seria mais para andar de burro. A todos os autarcas que fizeram obras em casa e não precisaram de pagar por elas. A todos, pobres e ricos, donos de jantes de liga leve e filhos com educação ainda mais leve. A todos os que lá em casa bebem vinho vulgar mas durante a semana, com factura metida na tesouraria da empresa, hesitam entre o Pera Manca e um Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa. A todos os empresários que declaram às Finanças prejuízo e aos amigos declaram que este ano vai ser Maldivas. A todos: obrigado."

sim, mentalizemo-nos disto. nós, os que passamos a vida a dizer mal dos políticos, somos muito responsáveis pelo estado das coisas. houve muita gente que enriqueceu à custa do estado e não só políticos.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tesourinhos: Pela boca morre...

José Sócrates, nem mais!

José Sócrates neste último mandato começou logo mal, desde cedo na campanha, pois um visionário como ele é não me digam que desconhecia que ia sair do Governo antes de 2013, por isso não faz sentido haver um Programa Eleitoral do PS de 2009 a 2013.

Como lema de campanha tinha: "Avançar Portugal" (para o FEEF só se for...).

"Este Programa distingue o projecto e a atitude do Partido Socialista." De quem? Se calhar queriam dizer que este programa nada tem a ver com a atitude do PS... Certo certo!

"3. O progresso que o País fez

A razão primeira da nossa confiança no futuro é a consciência dos progressos que o País foi capaz de fazer, em especial nos últimos quatro anos de governação estável do PS" - Aqui está algo que ninguém sabia...

"Com uma governação de rigor, competência e responsabilidade, e com o esforço dos portugueses, o Governo do PS venceu a crise orçamental que a direita tinha deixado e, sem recorrer ao truque de receitas extraordinárias com encargos futuros, reduziu efectivamente o défice dos projectados 6,83% de 2005 para apenas 2,6% em 2007 e 2008 – o défice mais baixo em toda a história da democracia portuguesa." - Sem dúvida uma política de verdade!

"a balança tecnológica da economia portuguesa, tradicionalmente deficitária, passou a ser positiva. Dito de outro modo: Portugal passou a exportar mais tecnologia do que aquela que importa." - "Afinal, 2009 foi exceção: em 2010, a balança que reflete as importações e as exportações de tecnologias em Portugal voltou aos valores negativos do passado."

"5. Prioridades claras para o futuro
O Programa que o Partido Socialista apresenta aos portugueses para a nova legislatura 2009-2013, tem três prioridades fundamentais muito claras:
• Relançar a economia e promover o emprego; (FAIL)
• Reforçar a competitividade, reduzir a dependência energética e o endividamento externo, valorizar as exportações, modernizar Portugal; (FAIL)
• Desenvolver as políticas sociais, qualificar os serviços públicos e reduzir as desigualdades. (FAIL)"

Mas isto é só até à página 14,, são mais 116 de boa verdade e coerência... Podem ver aqui.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Portugal Portugal, um fantoche, que futuro?

2009 foi o ano da crise, uma crise que foi sentida no défice nacional. Mas talvez por Portugal ser um país pequeno e com o povo pouco exposto à economia mundial esse ano não tenho sido o ano negro para os portugueses, mas sim os vindouros, em que os portugueses agora sim têm vindo a sentir os efeitos das medidas de combate à crise.

Claro está também, que a situação se deteriorou muito, por culpa da gestão que tinha vindo a ser feita no país nesses anos, e pela indiferença ao incumprimento nacional.

Nos EUA, onde estão os verdadeiros pais dessa crise, que continuem a assumir o poder, impunes de sanções, mantendo sob controle qualquer instituição mundial, e todas empresas de Rating, que continuam a prestar óptimos serviços, e a proporcionar óptimos investimentos àqueles que têm poder para tal.

Portugal é um desses, com uns juros da dívida altíssimos e um rating miserável, pergunto-me: será realmente esse o estado da nossa economia? Não conseguiremos nós cumprir os pagamentos? Merecemos tal rating?
Eu penso que estamos em muito maus lençóis! Em recessão, e até mesmo a atingir um ponto de insolvência! Atribuo, também, culpas disso às agências de Rating, apesar de não terem controle sobre as políticas que nos levaram a este ponto, são um belo trampolim do Juro.

José Sócrates, tenta aproveitar essas avaliações para nos sobrecarregar em carga fiscal, com o objectivo de acalmar os mercados, mas não somos nós que os vamos acalmar, se eles virem em nós um bom investimento eles vão brincar connosco até se saciarem e só depois teremos pernas para andar...



Virando-me agora para o actual plano nacional, estamos a caminho de eleições e os escândalos nacionais não param!
A esquerda pode vir a unir-se, vendo-se nisso uma redução no futuro número de moções de censura, que podem ser assim reduzidas a metade.
José Sócrates vitimiza-se constantemente sobre a sua queda do poder, enquanto faz birras dizendo que não tem poder para nada...
Passos Coelho tem vindo a dificultar o seu próprio caminho, tendo já dado alguns tiros no pé, por culpa própria...
Paulo Portas seria assim a melhor escolha para PPC, a que lhe traria a trajectória mais segura...

Espero que a tome, para bem de todos nós!

5 de Junho

O Presidente da República dissolveu a Assembleia da República. Muita tinta continua a correr sobre a atitude do PSD, a falta de alternativas e a fuga à discussão e negociação, a sede do "pote" e as consequências gravíssimas para Portugal que a demissão do Primeiro-Ministro acarretou. E não é por não se chegar a um consenso que se deve andar eternamente a atirar culpas - ainda que as responsabilidades sejam apontadas pelos portugueses no momento do voto, pelo que há que tentar esclarecer ao máximo "o que se passou".


A dissolução da Assembleia da República é irreversível e, como tal, há que olhar em frente: projectar as próximas eleições. Concordando ou não, com o PS os portugueses sabem com o que contar. Com os partidos à esquerda do PS também sabem com o que não podem contar. PSD e CDS (muito provavelmente coligados) constituem-se como a principal alternativa ao governo socialista, pelo que me vou centrar numa breve opinião que tenho sobre os seus líderes.

Tinha Passos Coelho como um político sério, embora discordando profundamente da sua agenda ultra-liberal. No entanto, a forma como cedeu às pressões internas nas últimas semanas e as suas sucessivas contradições têm feito com que a minha consideração pelo seu carácter tenha ido, no fundo, "por água abaixo".

Já quanto a Paulo Portas, por mais qualidade retórica que consiga imprimir nas suas intervenções, o seu passado fala por si. E fala muito mal. Em relação à "prostituição política", não vale a pena dar muito ênfase ao seu (pouco) valor enquanto pessoa, porque tenho criticado severamente o argumento ad hominem, usado sistematicamente contra José Sócrates ao longo dos últimos anos, e está na hora de acabar com uma das mais reles estratégias discursivas. Tem algumas ideias interessantes para o país, como é o caso da agricultura, que merecem atenção. (Chegarão algumas ideias soltas sobre algumas áreas para construir um programa eleitoral consistente e exequível?)

A campanha eleitoral... duvido seriamente que consiga ter algum impacto na redução da abstenção. Independentemente dos resultados das eleições do dia 5 de Junho, o importante é a estabilidade. Caso nenhum partido/coligação vença com maioria absoluta, é o cabo dos trabalhos. Se Cavaco Silva tentar a conciliação dos partidos com a mesma estranha passividade com que (não) promoveu o diálogo na discussão do PEC, então só podemos esperar uma realidade muito má no Parlamento.

Caso o PS vença as eleições, espero que a oposição repense o conceito de oposição; em caso de derrota eleitoral, o que espero do PS e dos seus militantes é que saibam utilizar a oposição dos últimos 6 anos como um exemplo do que se não deve fazer, e fazer precisamente o inverso. Num momento em que é muitas vezes invocado o "respeito pela decisão dos portugueses", aproveito para deixar um apelo à malta, como eu, mais interessada pela política - desde os filiados aos "alérgicos" aos partidos: é preciso assumir uma nova "legislatura enquanto opinadores" de uma forma mais desapaixonada, mais razoável e menos pessoal. Eu também me comprometo.