"A Politician needs the ability to foretell what is going to happen tomorrow, next week, next month, and next year. And to have the ability afterwards to explain why it didn't happen" Winston Churchill

segunda-feira, 4 de abril de 2011

5 de Junho

O Presidente da República dissolveu a Assembleia da República. Muita tinta continua a correr sobre a atitude do PSD, a falta de alternativas e a fuga à discussão e negociação, a sede do "pote" e as consequências gravíssimas para Portugal que a demissão do Primeiro-Ministro acarretou. E não é por não se chegar a um consenso que se deve andar eternamente a atirar culpas - ainda que as responsabilidades sejam apontadas pelos portugueses no momento do voto, pelo que há que tentar esclarecer ao máximo "o que se passou".


A dissolução da Assembleia da República é irreversível e, como tal, há que olhar em frente: projectar as próximas eleições. Concordando ou não, com o PS os portugueses sabem com o que contar. Com os partidos à esquerda do PS também sabem com o que não podem contar. PSD e CDS (muito provavelmente coligados) constituem-se como a principal alternativa ao governo socialista, pelo que me vou centrar numa breve opinião que tenho sobre os seus líderes.

Tinha Passos Coelho como um político sério, embora discordando profundamente da sua agenda ultra-liberal. No entanto, a forma como cedeu às pressões internas nas últimas semanas e as suas sucessivas contradições têm feito com que a minha consideração pelo seu carácter tenha ido, no fundo, "por água abaixo".

Já quanto a Paulo Portas, por mais qualidade retórica que consiga imprimir nas suas intervenções, o seu passado fala por si. E fala muito mal. Em relação à "prostituição política", não vale a pena dar muito ênfase ao seu (pouco) valor enquanto pessoa, porque tenho criticado severamente o argumento ad hominem, usado sistematicamente contra José Sócrates ao longo dos últimos anos, e está na hora de acabar com uma das mais reles estratégias discursivas. Tem algumas ideias interessantes para o país, como é o caso da agricultura, que merecem atenção. (Chegarão algumas ideias soltas sobre algumas áreas para construir um programa eleitoral consistente e exequível?)

A campanha eleitoral... duvido seriamente que consiga ter algum impacto na redução da abstenção. Independentemente dos resultados das eleições do dia 5 de Junho, o importante é a estabilidade. Caso nenhum partido/coligação vença com maioria absoluta, é o cabo dos trabalhos. Se Cavaco Silva tentar a conciliação dos partidos com a mesma estranha passividade com que (não) promoveu o diálogo na discussão do PEC, então só podemos esperar uma realidade muito má no Parlamento.

Caso o PS vença as eleições, espero que a oposição repense o conceito de oposição; em caso de derrota eleitoral, o que espero do PS e dos seus militantes é que saibam utilizar a oposição dos últimos 6 anos como um exemplo do que se não deve fazer, e fazer precisamente o inverso. Num momento em que é muitas vezes invocado o "respeito pela decisão dos portugueses", aproveito para deixar um apelo à malta, como eu, mais interessada pela política - desde os filiados aos "alérgicos" aos partidos: é preciso assumir uma nova "legislatura enquanto opinadores" de uma forma mais desapaixonada, mais razoável e menos pessoal. Eu também me comprometo.

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