"A Politician needs the ability to foretell what is going to happen tomorrow, next week, next month, and next year. And to have the ability afterwards to explain why it didn't happen" Winston Churchill

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

fmi

o fundo monetário internacional (fmi) anda nas bocas do mundo. normal. em tempos de maior instabilidade económica e financeira é que ele é chamado a intervir. em portugal, a análise política e económica centra o seu debate na entrada ou não do fmi no país. sócrates faz tudo o que pode para ele não vir, a oposição está deserta que ele aterre na portela (puro oportunismo político).
vamo-nos centrar no essencial. o fundo foi criado no pós 2ª guerra, numa altura em que a europa e o mundo estavam devastados economicamente. o seu objectivo era o de apoiar financeiramente os países que estão ligados ao fundo (187 neste momento), quando estes estivessem a passar por momentos complicados, com uma forte dívida externa, mas também fomentar um crescimento económico sustentável e reduzir as taxas de desemprego nesses países. para percebermos um pouco o sucesso do fundo, começo por referir que a etiópia, as honduras e a cuba, por exemplo, são países que estão ligados ao fmi desde a sua criação, ou seja, qual é o desenvolvimento económico, quais são os níveis de crescimento económico, os níveis de riqueza, nesses países? sim, podemos começar por concluir que o fundo não tem cumprido com a sua obrigação.

o fmi pode financiar-se, como uma outra instituição qualquer, junto de uma entidade externa, mas o dinheiro do fmi aparece, sobretudo vindo das quotas que os países membros pagam anualmente (penso?), quota essa que varia consoante o crescimento do pib interno de cada país, da sua relevância perante o pib mundial e do ouro que esses países possuem. no entanto, os países que mais contribuem para o fundo são os que têm maior poder de decisão, ou seja, para se atingir a maioria das votações nas assembleias gerais do fundo, basta que quatro ou cinco países se unam e conseguem ter maioria.

esta foram algumas curiosidades que deixei para se perceber como funciona o fmi. vamos ao que interessa. o fmi entra num país quando este deixa de se conseguir financiar no exterior, quando não há confiança dos mercados nesses países. o fmi aparece como "salvador", injecta milhões nesses países, que terão que ser pagos, com taxas de juro, não muito baixas, e impõem uma série de medidas drásticas, normalmente com fortes efeitos recessivos na economia, subvertendo assim todos os ideais que lhe estão subjacentes.
joseph stiglitz, nobel da economia em 2001, é um dos mais ferozes críticos do fmi, afirmando que " as medidas impostas pelo FMI falharam mais vezes do que as em que tiveram êxito", acrescentando ainda que "Em muitos países, levaram à fome e à confrontação social; e mesmo quando os resultados não foram tão sombrios e conseguiram promover algum crescimento depois de algum tempo, frequentemente os benefícios foram desproporcionadamente para os de cima, deixando os de baixo mais pobres que antes". podemos deduzir, não só por estas palavras, que o fmi tem como única preocupação assegurar que os países pagam aos seus credores, normalmente países com alguma folga financeira, com algum poder, esquecendo assim todas as consequências das suas intervenções nas economias dos países em que actua. esta é também a conclusão de boaventura sousa santos, que assegura que "a intervenção do FMI teve sempre o mesmo objetivo, "canalizar o máximo possível do rendimento do país para o pagamento da dívida". sócrates, sim sócrates, tem conseguido acalmar os mercados e portugal está hoje a financiar-se, a custos mais baixos, do que acontecia há uns meses. o fmi está, neste momento, mais longe, contudo não afasto a hipótese da sua entrada, mas um português a sério, daqueles que são mesmo portugueses, não politiqueiros de fim-de-semana, têm a mesma opinião, seguramente.

4 comentários:

  1. O desejo que tu falas da entrada do FMI em Portugal, por parte da oposição (a ser verdade), não seria oportunismo político, mas sim desejo de dar uma nova oportunidade aos portugueses de terem a sua vida estabilizada a médio prazo, ao nível financeiro, e vontade de dar ao Governo o verdadeiro poder para governar, livre de influências.Seria um voltar ao ponto de partida economicamente por parte de Portugal. Pois o FMI não actua em tempos de maior instabilidade, mas sim em tempos em que a estabilidade não passa de uma miragem política!

    Quando dizes que o FMI não tem cumprido em certos países, peço-te que vás um pouco mais atrás e procures ver se esses países teriam vindo a cumprir...

    Quanto aos juros cobrados pelo FMI, não passam os actuais 7%, e garantem muito mais estabilidade na procura!

    Se o FMI é bom? Não! Se a nossa situação é boa? Não! Se conseguiremos sozinhos? Não! O problema está em quem manda, que adia o esforço, e foge a sete pés de mexer na conta da classe alta...

    Não vejo onde Sócrates tem acalmado os mercados... 7% como hoje não é baixo! 6,...% não é baixo! Daqui a 10 anos quem pagará estes juros? Como viveremos na altura de pagar?

    Pedir emprestado dá sempre uma lufada de ar fresco, mas quando chegar a altura de pagar, não se esqueçam de quem nos pôs nessa situação!

    ResponderEliminar
  2. Nem sei por onde começar para responder ao teu comentário. Talvez pela última frase: uma tremenda irresponsabilidade, em tom ameaçador, com uma análise deficiente que ignora a crise mundial, a pior, segundo muitos, desde 1929, que ainda estamos a atravessar (e, verdade seja dita, pouco tinha sido sentida até ao início de 2011 - a não ser pelas palavras de depressão que nos vêm impingindo há demasiado tempo).

    Há outro parágrafo curioso:"Quando dizes que o FMI não tem cumprido em certos países, peço-te que vás um pouco mais atrás e procures ver se esses países teriam vindo a cumprir..."

    Então, pergunto eu: Se assim é, se as coisas não resultaram - os países, antes do FMI, não cumpriam - que diferença faz, afinal, o FMI?
    Nenhuma, não é?

    Destaque, ainda, para a coerência:
    "O desejo que tu falas da entrada do FMI em Portugal, por parte da oposição (a ser verdade), não seria (...)"

    Pelo resto do comentário, qualquer um percebe que NÃO!, não desejas que o FMI entre. Nem tu nem, por exemplo, o líder da oposição, que foi pronto a dizer que estaria preparado para governar com o FMI.

    Eu concordo com o Valter: a entrada do FMI é uma boa forma de o PSD adoptar medidas sem ter que as assumir. Oportunismo político

    ResponderEliminar
  3. "Eu concordo com o Valter: a entrada do FMI é uma boa forma de o PSD adoptar medidas sem ter que as assumir." O PSD não adopta medidas...

    Quanto à incoerência, tenta ler assim: O desejo que o Valter fala sobre a oposição de uma entrada do fmi, se fosse verdade que eles tinham esse desejo, não seria por oportunismo político, mas sim pelas razões que referi...

    Não podes exigir trabalho de A para com B, quando B não cumpre para com A. Responde ao que distorceste...

    Desde 1929, para alguns dizes bem...

    ResponderEliminar
  4. Por partes:
    -A questão das medidas do PSD tem implícita a forte possibilidade de chegar ao governo caso o FMI entre em Portugal. Acho que percebeste. Caso contrário, expliquei agora.

    -A maior crise mundial desde 1929 para - corrijo - muitos. E não são poucos. Estavas a insinuar que achas que não? Por que é que é difícil reconhecê-lo?

    Ando aqui à procura de um documento que, "epá! não foi ninguém do Governo ou do PS" que o escreveu (pelo contrário, um economista estrangeiro conceituado) que te pode explicar mais ou menos que a actuação do FMI está desactualizada.

    ResponderEliminar